segunda-feira, julho 13, 2009

Aceitar as críticas

Aceitar que os outros nos repreendam ou critiquem é um sinal de maturidade. Aquele que sabe que tem limites e virtudes não se desestrutura nem desequilibra diante de uma “chamada de atenção”. Reconhece que quando alguém o critica não o faz no todo, mas num ato específico e, portanto, consegue manter-se firme.

Muitas vezes, diante de uma crítica ou “chamada de atenção”, tendemos a procurar desculpas que nos eximam da “vergonha do erro”. Ainda sob a ilusão de que somos perfeitos e tudo o que fazemos é maravilhoso, falta-nos a humildade de reconhecer que erramos. Não nos damos conta de que a “imperfeição” não reside no ato de errar, mas no ato de permanecer no erro.

E como é maravilhoso quando alguém tem simplicidade de coração o suficiente para aceitar comentários e julgamentos que não lhe agradam! Conheço uma pessoa que diante das reclamações e críticas, sempre cala e dias depois, após uma longa e séria reflexão, retoma o assunto e dá o seu parecer: “Perdoe-me, você tinha toda razão, eu realmente procedi mal!” ou: “Acho que devemos ponderar, você não foi justa no seu ponto de vista”… Isso é um sinal de que sua auto-imagem é sólida e não se romperá diante das imperfeições que todos nós temos, mas na maioria das vezes teimamos em fechar os olhos para não vê-las. Dom Helder Câmara dizia: “Ai de quem só sabe ouvir elogios! ”

Convém lembrar que a imagem que os outros fazem de nós é importante para nos revelar quem somos. É certo que nem sempre as coisas são como parecem. Já diz o ditado popular que quem vê cara não vê coração, os atos nem sempre revelam o que se passa no interior. Entretanto, a imagem que os outros têm de nós, ou seja, a forma como nos vêem, nos ajuda a perceber como temos procedido e assim nos autoconhecer um pouco mais.

Dessa forma, a crítica tem o papel de nos fazer refletir sobre nossos atos e, muitas vezes, mudá-los. Portanto, aquilo que as pessoas nos dizem deve ser levado do coração e meditado, pensado, ponderado a fim de descobrirmos nossas reais motivações.

O ato de ponderar viabiliza até mesmo a manutenção do bom relacionamento com quem nos criticou, pois o vemos não como um “inimigo” que vê nossos defeitos, mas como um amigo que deseja nosso progresso e nos ajuda concretamente nisso. Mas falar sobre o Dom de aceitar as críticas merece também uma reflexão sobre a capacidade de criticar. Há pessoas que, por algum motivo, lançam-se sobre o outro como um poderoso canhão disparando balas pesadíssimas. Se algo no outro não vai bem – pelo menos aos nossos olhos – convém levar em conta que, como diria um grande filósofo brasileiro: “Todo ponto de vista é a vista de um ponto”, ou seja, o prisma que refrange as cores para mim não é, necessariamente,. O mesmo para o outro. E quem pode me assegurar de que eu estou certa? Não conheço as realidades do coração do outro, as circunstâncias mais internas que o movem a essa ou àquela atitude… Assim, não posso me dirigir ao outro como se eu fosse a dona da verdade e “empurrar-lhe” o meu ponto de vista.

E mais, se algo em alguém me desagrada ou me fere ou merece uma “chamada de atenção”, devo saber como falar-lhe. Muitas vezes, o que fere o outro não é tanto o que se diz, mas o como se diz. Se fica claro para ele que aquilo que digo é para ajudá-lo e não para derrotá-lo e com meu modo de dizer deixo isso claro, não impondo, mas ponderando, tudo pode ser modificado.

Além do mais, especialmente quando a crítica é dirigida a uma criança, que ainda não tem sua personalidade solidificada nem maturidade suficiente, deve ficar muito claro que a chateação é merecida pelo comportamento ou ato, mas não pela pessoa, ou seja, o “carão” é endereçado para a ação, não para a pessoa, assim a criança compreende que ela é digna de amor, o ato sim que foi digno de repreensão e deverá mudá-lo. Dessa forma, o amor ficará em evidência e o comportamento diante da crítica tomará uma outra dimensão.

in http://blog.cancaonova.com/acorrentados/2008/07/25/aceitar-as-criticas/

Sem comentários: